quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Stall

Cada segundo
o tempo
deixa mais difícil.

Tudo se expande
e te chama
te prende
te corrompe
para não pedir nada.

Os olhos não param
procurando algo
sem nunca encontrar.

Não sabe o que falar
Ou o que desejar.

O que sonhar.

No momento
a sensação
deixa
sem ação.

Stall

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Relendo os escritos

Relendo os escritos
quantos sonhos
não existem mais!

Nunca foram possíveis.
Mas antes existiam.
Como sonhos.

Hoje não mais.

Quanto amor se doou e
quanta esperança se perdeu

Quantos planos foram feitos,
quantas conquistas foram sonhadas,
quanto tempo foi perdido.

Quantas pessoas perderam o rosto
e quantos rostos não surgiram!
Quanta espera agonizante
só para o nada existir.

Muito tempo se passou
e tudo ficou igual.

E os sonhos?

Esses não existem mais.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Redescoberta

Ele levou os dias
muitos deles
o tempo.

Silenciou as palavras
amarrando as mãos.

Tornou quieto o que pulsa
e transborda
ou tentou.

Buscou deixar tudo bem.

Ignorou os conselhos
ainda que poucos.

Então
No meio dos dias de tudo
Achou aquele nada.


Redescobriu.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sem título

A boca está suja, imunda.
Escorrem palavrões pelos cantos, sem buscar alvos.
Enerva.
Como o conselho do professor.

É uma arma quente.
A boca, não a felicidade.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Redescobrindo

A chuva não para.
Inconstante
e sempre.

Os discos são os mesmos
Velhos
Sempre dizem algo 
novo.

O mundo está igual
O sonho acabou
E nada mudou.

Você já estava aqui
Anos antes.
Eu também.

Juntos, só agora
O cigarro do Japão
A desculpa passageira
O show indiferente

Para tudo mudar.

O mundo se fazendo
Se reconstruindo
Se descobrindo
De novo

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sem título

Já faz tempo que fui embora
E que o resto pra mim é tudo
E que o resto afirma minhas pernas
Me deixa olhar pra cima
E respirar.

Já faz tempo que estou aqui
Buscando outras linhas
Vivendo o mundo inteiro
Sem nada a me dar.

Já faz tempo que a visão está pequena
Os olhos entreabertos
Para outra coisa enxergar.

Já faz tempo que o tempo nada muda
Como a voz que grita na rua
Outra pessoa em quem votar.

Já faz tempo que a palavra vai embora
Que a letra se desfaz em nota
Que a nota não mais a toca
Ainda que devagar.

Pensando

Nunca buscou uma rima
Nem para sua música que seria o maior sucesso
E nunca foi.

Mas pensava
Ao menos tudo colocava para fora.

Mostrava seus medos como nunca fez.
Ainda que a estranheza mais uma vez
lhe guardava dentro de si.

A dúvida era a mesma.

E viveu sempre assim

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sem título

Como no tempo
que só volta com o fechar dos olhos.
Eles ainda eram vivos
Todos eles
Os quatro.

O frio arranha de leve
E de fora o sol é invisível
Ela tem 20, não 60
Eu também.

Penso em não sentir mais nada
E tudo grita sem parar
E tudo brilha ao mesmo tempo
Mas de olhos fechados
O frio arranha de leve.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

invento

você já existiu
pra mim
eu acho

já tomamos uma cerveja
várias
com seu violão

sem tocar
até hoje
até sempre

eu me lembro
dos detalhes
e dos olhos azuis

do bar da augusta
das várias brahmas
de andarmos juntos

do violão nas costas
o seu
nas suas

da menina mutante
da menina que sonha
da menina que sempre
vai embora

que nunca
nunca
(mais)
me encontra

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Clichê

Procurei pela rua.
Nua.
Sem você.
  
Apertei os olhos.
Fechados.
Sem te ver.
  
Lembrei do segundo.
Meu mundo.
Com você.
  
Espera gelada.
Azul.
Nunca te ver.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Meu último copo.

Meu último copo.
Só ele e um livro de lembranças.
Invisível.
Fechado em mim mesmo.
Mais um gole.
E mais daquelas  histórias.
Todas elas.
Meu último gole.
E meu coração correndo, embaralhando as lembranças.
Meu último suspiro e o mundo indo, sumindo.

sábado, 14 de maio de 2011

Sozinho

Foi sem voltar, embora ele, a dois passos, tinha certeza dos olhos a dois palmos novamente.

"Sem nada", pensou e se equivocou.

Ainda sentia, ao esfregar o polegar em dois dedos, o cheiro da presença, agora tão distante.

Sua ebriedade lhe satisfazia, mesmo que somente entre seus dedos, tão invisível, tão sozinha.

Tão sozinho.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Paul Mccartney

Mãos na cintura e um olhar cansado, acompanhado de um suspiro que acentuava seus últimos instantes. No céu só papéis que intercalam suas faces com frenesi. A sensação do dever cumprido, do alivio de finalmente ter alcançado aquele instante.

Mas há tristeza, sim, a tristeza...

A solidão apertada, indigesta, cortante. A aflição.

O desespero e a angústia que não diminuiriam com nenhum grito, berro.

Havia acabado.

A grande distância de casa ou a segunda-feira de trabalho chegando, nada seria maior do que os sentimentos infinitos que se multiplicavam ao mesmo tempo.

Alegria e tristeza.



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sem título

Pensava no que era pior.

Escrever palavras tortas, descuidadas.

Ou não ter o que dizer.

Acreditou no segundo, por isso começou.

E parou.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Janela

Olhou pela janela e descobriu como o mundo é bom.

E simples assim.

Sentiu o que por muito não sentia.

 Estava jovem.

Era jovem.

Sentiu o vento frio.

Gelado.

Fechou os olhos e seu corpo estrava frio.

Mas ao lado a tristeza do mundo de volta.